Sobre recomeços.

Sempre fui fofinha. Quando era criança, as pessoas costumavam apertar minhas bochechas e dizer à minha mãe coisas como "ela é linda, quanta saúde!" ou "bebê bonito é bebê gordinho".

Aos 13 anos, eu pesava 75 quilos. Me sentia um monstro. De fato, era um monstro. Eu não queria toda aquela comida que minha mãe colocava no meu prato. Eu não tinha fome pra tanta comida. Eu comia, mas não sabia porquê. Eu comia, mas não percebia que não precisava comer. 

Conheci a Anna através de uma amiga. Uma amiga que me contava como era não comer nada por dias seguidos. Aquilo me fascinou. Chamei a Anna pra ficar um tempo comigo, e ela aceitou. E eu me senti mais viva que nunca. Trezentas calorias por dia, no máximo. Oito quilos a menos na primeira semana. Era a vida que eu sempre quis.

Cheguei aos 47 quilos, fui parar no hospital várias vezes. Quase morri de fome. Fiz tratamentos pscológicos. Engordei. 

Aos 17 anos, com 56 quilos, conheci um rapaz maravilhoso. Eu o assim que ele disse "Oi, amor" pela primeira vez. Éramos apaixonados como em filmes. Éramos tanto, que sempre tinha gente pra ver de perto o nosso amor. A Anna foi embora de vez.

A um pouco mais de um mês, ele me deixou. Disse que somos jovens demais pra um casamento, e eu não o quero sem compromisso.

Foi aí que me vi sozinha. E gorda. Com 72,9kg.

E então ela veio, e disse o quanto me ama, e o quanto ela sentiu minha falta. Pegou minhas mãos, e disse que vai me ajudar, que esse peso todo vai embora.

And you're my obsession, I love you to the bones.